quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A ORIGEM DAS COISAS

   
Todas as religiões têm como princípio básico a existência de Deus, mas o conceito de Deus é muito amplo indo desde uma concepção antropomórfica (politeísmo, monoteísmo) até a concepção monística. Na concepção monoteísta encontra-se o conceito coberto pelo mistério como o Deus trino nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo, possivelmente calcada na versão mais antiga dos Vedas: Krishna, Vishnu e Arjuna que podia apresentar-se com outras personalidades como Brahma, Shiva, etc. Jesus, o Filho, seria Arjuna na concepção védica. Jesus, o Filho, apresenta características idênticas a Horus um Deus do antigo Egíto: ambos tiveram seu nascimento anunciado por um anjo, nasceram de uma virgem, foram crucificados e ressuscitaram no terceiro dia.
A Bíblia, uma coletânea de 39 livros das Escrituras Hebraicas (Velho Testamento) e 27 livros das Escrituras Gregas Cristãs (Novo Testamento), totalizando 66 livros escritos por cerca de 40 homens em um período de 1.600 anos (1513 AEC a 98 EC). Dados do livro O Homem em Busca de Deus, pg 241, notando-se não haver aparente relação entre esses livros.
A meu ver a Bíblia assemelha-se a O Livro dos Espíritos que Kardec o dividiu em 4 livros, correlatos, e não em 4 partes.
O primeiro livro de O Livro dos Espíritos corresponde à Gênese, primeiro livro da Bíblia. Até a idade média predominava a cultura calcada no conhecimento concreto: a Terra era o centro do Universo, era plana e sustentada por três elefantes (não se perguntava em que os elefantes se sustentavam!), o sol nascia no leste e se punha no oeste. Era envolta por 7 esferas, na última estava Deus! Na periferia da terra havia o abismo com dragões. Era admissível que se pudesse construir uma torre e atingir a esfera divina. Absurdo é que Deus misturou as línguas para não continuarem a construir a escada! Diz-se que na idade média quando o padre Bartolomeu Gusmão (a confirmar) fazia experiência com o balão o Vaticano proibiu de continuar com a experiência, pois ele podia atingir a esfera divina e revelar o que ela continha! Predominava na cultura do período o conhecimento concreto, faltava-lhe o conhecimento abstrato e o conceito de infinito hoje predominante na cultura mundial.
A Bíblia começa com a Gênese onde Deus criou tudo, mas não conceitua o que é Deus, iniciando assim a fé cega, mas acredito normal, pois se sabia que Deus estava na 7a esfera e era conhecido. A dúvida era a própria Terra. Quem a criou?
O Livro dos Espíritos (A Bíblia moderna?) começa com o Livro I que se assemelha ao primeiro livro da Bíblia , mas predomina o raciocínio abstrato. O LE conceitua Deus (mesmo que se considere apenas como um modelo), a Bíblia não. Todos os atributos de Deus são conceituados como infinitos, idéia inconcebível na antiguidade. Não apresenta uma idéia monoteísta nem politeísta, mas monística, onde a criatura está na essência íntima divina não se separando dela, nem mesmo conceitualmente. Não há "espaço" entre Deus e a criatura. O que se levanta aqui é como explicar o mal, o homem pré-histórico, a matéria, etc. que são opostos aos atributos de Deus. Muitos explicam pela queda do espírito, por orgulho e pela inveja. Como um ser criado da essência divina pode ter inveja, ser orgulhoso e se rebelar se esta condição não existe em Deus? Kardec não aceitou a queda espiritual. Geralmente se busca a resposta pelo livre arbítrio. Que me parece que sozinho não soluciona a questão, pois o espírito sendo criado diretamente da essência divina teria os atributos de Deus e não teria livre arbítrio, pois não se pode admitir um Deus infinitamente inteligente que estivesse frente a uma escolha. O LE conceitua DEUS como “a Inteligência suprema causa primária de todas as coisas”. Deve-se observar neste conceito que Deus não é um ser que tem a inteligência suprema mas a própria inteligência suprema! Como entender isso? A questão 13 de O LE explicita a questão
Observação: onde se lê Deus entenda-se por coerência “inteligência suprema causa primária de todas as coisas”
13. Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom, não temos uma idéia completa de seus atributos?
"Do vosso ponto de vista, sim, porque acreditais abranger tudo; mas ficai sabendo que há coisas acima da inteligência do homem mais inteligente, e para as quais a vossa linguagem, limitada às vossas idéias e às vossas sensações, não dispõe de expressões. A razão vos diz que Deus deve ter essas perfeições em grau supremo, pois se tivesse uma de menos, ou que não fosse em grau infinito, não seria superior a tudo, e por conseguinte não seria Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus não deve estar sujeito a vicissitudes e não pode ter nenhuma das imperfeições que a imaginação é capaz de conceber.
"DEUS É ETERNO". Se ele tivesse tido um começo, teria saído do nada, ou, então, teria sido criado por um ser anterior. É assim que, pouco a pouco, remontamos ao infinito e à eternidade.
"É IMUTÁVEL". Se Ele estivesse sujeito a mudanças as leis que regem o Universo não teriam nenhuma estabilidade.
"É IMATERIAL". Quer dizer, sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria, pois de outra forma Ele não seria imutável, estando sujeito às transformações da matéria.
"É ÚNICO". Se houvesse muitos Deuses, não haveria unidade de vistas nem de poder na organização do Universo.
"É TODO-PODEROSO". Porque é único. Se não tivesse o poder soberano, haveria alguma coisa mais poderosa ou tão poderosa quanto Ele, que assim não teria feito todas as coisas. E aquelas que ele não tivesse feito seriam obra de um outro Deus.
"É SOBERANAMENTE JUSTO E BOM". A sabedoria providencial das leis divinas se revela nas menores como nas maiores coisas, e esta sabedoria não nos permite duvidar da sua justiça nem da sua bondade.
Observa-se que a inteligência suprema não foi incluída como um atributo, o que só poderia acontecer se essa inteligência não fosse um atributo de Deus e sim o próprio Deus.
A Questão 28 é mais contundente:
28. Sendo o espírito, em si mesmo, alguma coisa, não será mais exato, e menos sujeito a confusões, designar esses dois elementos gerais pelas expressões: matéria inerte e matéria inteligente?
"As palavras pouco nos importam. Cabe a vós formular a vossa linguagem, de maneira a vos entenderdes. Vossas disputas provêm, quase sempre, de não vos entenderdes sobre as palavras. Porque a vossa linguagem é incompleta para as coisas que não vos tocam os sentidos."Allan Kardec comenta: *Um fato patente domina todas as hipóteses: vemos matéria sem inteligência e um princípio inteligente independente da matéria. A origem e a conexão dessas duas coisas nos são desconhecidas. Que elas tenham ou não uma fonte comum e os pontos de contato necessários; que a inteligência tenha existência própria, ou que seja uma propriedade, um efeito; que seja, mesmo, segundo a opinião de alguns, uma emanação da Divindade, é o que ignoramos. Elas nos aparecem distintas, e é por isso que as consideramos formando dois princípios constituintes do Universo. Vemos, acima de tudo isso, uma inteligência que domina todas as outras, que as governa, que delas se distingue por atributos essenciais: é a esta inteligência suprema que chamamos Deus.* (o destaque é nosso)
Veja que aqui Kardec confirma que Deus é uma inteligência e não um ser ou alguma coisa que tem essa inteligência!
Com estes conceitos temos a presunção de afirmar que Deus não cria diretamente de sua própria essência, pois nesse caso toda criatura seria igual a Ele! Sua sabedoria suprema não aceitaria isso!
Assim admitimos que a criação se inicie pela criação de um Universo, limitado e com todas as dimensões e atributos divinos reduzidos a um limite zero, não se anulando, como uma mola comprimida que tem sua dimensões reduzidas mas fica com energia em potencial. Logo que a pressão que a comprime cesse a mola se expande no sentido contrário (retorno). A criação segue as especificações que Deus adotou para ela. A redução poderá atingir o limite ou ir além a partir do qual se inicia o retorno em direção a Deus (o tal do big-bang seria o início deste retorno, mas com velocidade acelerada e sem queda de “estilhaço”).
Obs.: Há uma versão de O LE em que a primeira questão é "Quem é Deus? pressupondo que Deus é alguém. Consultamos uma versão em francês, impressa em Quebec e adquirida em Paris. A pergunta é "Que c´est Dieu?" isto é "Que é Deus?"

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